Porquê?

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Remonta a 1929 a ideia da Exposição do Mundo Português, ano em que o embaixador Alberto de Oliveira fala de necessidade de comemorar o duplo centenário da Fundação (1140) e da Restauração (1640) da independência portuguesa. Em março de 1938, uma nota oficial da Presidência do Conselho, assinada pela mão de António de Oliveira Salazar, recupera essa ideia e fixa o programa das comemorações para o ano de 1940, no mês de Junho.
A visão de António de Oliveira Salazar para a exposição dividia o contexto português em duas partes distintas: Lisboa, como capital do império, em que se deveria afirmar uma imagem de modernidade, e o con­texto regional, que tencionaria mostrar o compromisso do interior rural tradicional com os ideais do regime.

A coincidência da exposição se realizar no início da II Guerra Mundial não só não demoveu o presidente do Conselho e a comissão da exposição, como lhes forneceu novas motivações. Como afirma José-Augusto França (Os anos 40 na Arte Portuguesa, 1982, FCG, vol. 1), “tratava-se, em suma, de comemorar, num magna exposição histórica, «grande documentário de civilização», a própria força do regime e as suas realizações – e, quando, já em fase adiantada dos preparativos, rebentou a guerra, a iniciativa passou a celebrar a paz que o próprio regime assegurava (…).”

A escolha do local também fora intencional: a zona de Belém fora outrora palco de encenação e representação políticas na época dos Descobrimentos, de onde partiram as caravelas à descoberta do Mundo e de novas riquezas. Um retorno ao passado glorioso e exaltação da Nação coadunava-se na perfeição com os ideais do regime.